Situado no coração da cidade de Braga, o Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa é uma verdadeira joia no panorama cultural português. Fundado com o propósito de preservar, estudar e divulgar o riquíssimo património arqueológico da região, este museu destaca-se não apenas pela qualidade das suas coleções, mas também pela estratégica proximidade aos locais históricos da antiga Bracara Augusta, a capital romana do noroeste da Península Ibérica. Neste artigo, exploraremos em profundidade a história, organização e importância cultural do museu, bem como a forma como desempenha um papel vital na valorização da herança arqueológica portuguesa.
História e missão do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa
O Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa foi criado em 1918, no contexto de uma crescente vontade por parte das autoridades portuguesas de preservar o riquíssimo legado histórico da região minhota, em especial o da cidade de Braga e a sua envolvência. O nome do museu presta homenagem ao arcebispo D. Diogo de Sousa (1461-1532), uma das figuras mais importantes da história de Braga, recordado pelo seu papel essencial na renovação urbanística renascentista da cidade.
Inicialmente, o museu ocupava instalações modestas. No entanto, com o aumento contínuo do número de artefactos descobertos tanto em escavações sistemáticas como resultantes de obras públicas, tornou-se premente garantir um espaço condigno para a sua conservação e exposição. Assim, em junho de 2007 foi inaugurado um novo edifício, moderno e funcional, dotado das condições necessárias para acolher um espólio de valor incalculável, composto por peças que remontam ao Paleolítico e se estendem até à Idade Média.
A missão do museu não se limita à exposição de objetos antigos. O seu papel educativo e científico é central. Através de atividades pedagógicas, visitas guiadas, colaborações com universidades e projetos de investigação arqueológica, o museu promove a compreensão da história antiga de forma acessível e rigorosa. Esta vertente didática é um dos pilares fundamentais da atuação do museu, que se afirma como um centro de referência na museologia arqueológica portuguesa.
Localizado estrategicamente próximo do centro histórico de Braga, e em plena zona arqueológica da antiga cidade romana de Bracara Augusta, o museu oferece uma imersão única no passado milenar desta região. Esta localização privilegiada facilita a articulação entre os dados científicos obtidos nas escavações arqueológicas e o discurso expositivo proposto no museu.
O acervo arqueológico e o percurso expositivo
O acervo do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa é um dos mais ricos em território nacional, oferecendo uma viagem cronológica pelas diversas fases de ocupação humana do noroeste peninsular. As peças provêm maioritariamente da zona de Braga e do seu entorno, reflexo da intensa atividade arqueológica desenvolvida na região nas últimas décadas.
O percurso expositivo permanente está organizado de forma cronológica e temática, fazendo com que o visitante possa compreender a evolução das comunidades que habitaram a região desde o período pré-histórico até à Alta Idade Média. O piso térreo apresenta os primeiros vestígios da presença humana, que se fazem sentir já durante o Paleolítico, com utensílios em pedra talhada, seguidos pelos achados do Neolítico e da Idade do Bronze, como machados, pontas de seta e cerâmicas.
Especial destaque é dado à Bracara Augusta romana, núcleo no qual se concentram os principais testemunhos do apogeu urbano e económico da cidade entre os séculos I e IV d.C. Aqui, encontramos:
- Estátuas romanas em mármore representando divindades e figuras públicas;
- Elementos arquitetónicos, como colunas, capitéis e mosaicos polícromos retirados de domus romanas;
- Objetos do quotidiano, como lucernas, moedas, ferramentas e produtos de vidro e cerâmica;
- Inscrições epigráficas que documentam a vida social, religiosa e cívica da população romana da época.
O museu detém ainda uma importante coleção de elementos provenientes de túmulos e necrópoles, que permitem traçar uma imagem detalhada das práticas funerárias e da relação das comunidades antigas com a morte e o além-mundo.
É de sublinhar também a invejável coleção de arqueologia altimedieval, na qual são apresentados vestígios da transição do mundo romano para o universo suevo e visigótico, período de intensas transformações culturais e sociais.
Para além da exposição permanente, o museu dinamiza frequentemente exposições temporárias, quer de âmbito regional quer inseridas em redes museológicas nacionais, trazendo temáticas específicas à luz do dia e incentivando o interesse continuado do público.
A componente tecnológica é também valorizada, com suportes multimédia que ajudam a contextualizar os objetos expostos. Recorrendo a mapas interativos, reconstruções 3D e vídeos explicativos, o museu aposta numa fruição moderna e apelativa que capta o interesse tanto de especialistas como do público em geral.
O serviço educativo do museu oferece atividades diversificadas para todos os públicos, com destaque para as escolas. Os ateliers e visitas dramatizadas são um sucesso junto da comunidade educativa, promovendo a ligação emocional das crianças e jovens ao património local e fomentando o espírito de preservação cultural desde tenra idade.
A articulação com a comunidade científica é outra das suas facetas essenciais. O museu colabora com universidades e instituições nacionais e estrangeiras, sendo frequentemente palco de congressos, conferências e publicações académicas de referência na área da arqueologia histórica e urbana.
Um aspeto muitas vezes elogiado pelos visitantes é a amabilidade e o conhecimento dos técnicos que acompanham as visitas guiadas, disponibilizando explicações esclarecedoras sobre o valor e a origem de cada peça. Esta humanização da experiência museológica é um dos fatores que tornam o Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa um espaço tão cativante.
Para quem visita Braga, o museu representa uma etapa incontornável. Seja pelo valor arqueológico, seja pelo enquadramento urbano ou pela qualidade da fruição expositiva, é um local onde passado e presente se encontram de forma harmoniosa e enriquecedora.
O Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa representa, assim, uma instituição fundamental para compreender não apenas a história de Braga, mas também a evolução do território português desde a pré-história até à Idade Média.
Ao visitá-lo, o público é convidado a mergulhar nos milénios de vivências humanas que moldaram a atual cidade de Braga e a descobrir o que a arqueologia pode revelar sobre os nossos antepassados.
Conservador do património, promotor da ciência e educador da comunidade, o museu cumpre exemplarmente a sua missão, projetando-se como um modelo de museologia arqueológica em Portugal.
