O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) é um dos mais notáveis exemplos de valorização do património arqueológico, histórico e artístico em Portugal. Situado numa localização privilegiada, este espaço resulta da reabilitação do antigo Convento de São Domingos, um edifício com uma vasta história e grande importância cultural para a cidade de Abrantes. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente a origem, o espólio e a importância cultural do MIAA, compreendendo como este museu se tornou um ponto de encontro entre as raízes ibéricas e a identidade contemporânea da região.
A História e a Transformação do Convento em Museu
O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes está instalado no imóvel do antigo Convento de São Domingos, um edifício fundado no século XVII que desempenhou diversas funções ao longo dos séculos, incluindo espaço religioso, caserna militar e ponto administrativo. A sua requalificação para fins museológicos resultou de um investimento significativo e de uma profunda visão estratégica por parte do município de Abrantes, com o objetivo de criar um centro de cultura moderno, acessível e enriquecedor.
Os trabalhos de reabilitação tiveram em conta tanto a conservação do património arquitetónico como a adaptação às exigências museográficas contemporâneas. O edifício foi alvo de um cuidado projeto arquitetónico que combinou a recuperação das estruturas antigas com a introdução de elementos modernos como corredores envidraçados, núcleos expositivos interativos e iluminação de última geração. Esta conjugação de tradição e inovação tornou o espaço acessível a todos os públicos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida.
Desde a sua inauguração, o MIAA tem vindo a afirmar-se como um equipamento cultural de referência na região do Médio Tejo, promovendo o conhecimento e a valorização do património arqueológico e artístico das culturas que habitaram a Península Ibérica ao longo dos milénios. A sua dimensão transfronteiriça, implícita no termo “ibérico”, sublinha o papel do museu enquanto ponto de encontro e de reflexão sobre a história partilhada entre Portugal e Espanha.
Acervo Arqueológico e Artístico: Uma Viagem no Tempo
O MIAA apresenta uma coleção excecional que proporciona uma verdadeira viagem pela história da presença humana na Península Ibérica, com especial enfoque na região de Abrantes. O museu está dividido em vários núcleos expositivos que organizam os objetos por períodos cronológicos e temáticos, desde a Pré-História até à Época Moderna, permitindo aos visitantes compreender a evolução das sociedades ao longo do tempo.
Entre os destaques do acervo, destacam-se:
- Artefactos da Idade do Bronze e da Idade do Ferro, como machados, vasos cerâmicos decorados, armas e objetos de adorno, muitos deles provenientes das necrópoles e povoados da região do Tejo;
- Elementos da romanização, que incluem mosaicos, estatuetas, moedas e ferramentas agrícolas, testemunhando a influência romana na organização territorial, económica e religiosa da região;
- Materiais medievais, entre os quais se encontram cruzes, escritos manuscritos e objetos ligados à vivência monástica do antigo convento de São Domingos;
- Obras de arte sacra e pintura, abrangendo desde o período gótico até aos séculos XVII e XVIII, com peças significativas da produção artística religiosa portuguesa.
Além do acervo permanente, o museu acolhe regularmente exposições temporárias que trazem novas perspetivas sobre temas arqueológicos, históricos ou artísticos. Estas exposições são frequentemente acompanhadas por ciclos de conferências, visitas orientadas e oficinas pedagógicas, contribuindo para a dinamização cultural da cidade e atraindo diferentes públicos, desde estudantes até investigadores especializados.
Um dos elementos mais inovadores do MIAA é a forma como conjuga a exposição dos objetos com recursos tecnológicos que permitem aos visitantes mergulhar num percurso sensorial e educativo. A museografia aposta na interatividade, com mesas digitais, projeções em vídeo e realidade aumentada. Este enfoque não só aumenta a acessibilidade e o interesse pelo património, como também aproxima as novas gerações da história local e transnacional.
Importa ainda referir que o museu desenvolve um intenso trabalho de investigação e colaboração científica com universidades, centros de investigação e museus nacionais e internacionais. Este esforço conjunto ajuda a enriquecer a compreensão das peças expostas e a aprofundar os estudos sobre a presença humana na região centro de Portugal.
O MIAA também desempenha um papel crucial na valorização da identidade local, ao preservar e dar a conhecer as tradições e a memória coletiva da população de Abrantes e arredores. Ao visitar o museu, os habitantes locais reencontram-se com as suas origens, redescobrem a sua história e reconhecem a importância do seu território numa perspetiva mais ampla, ibérica e europeia.
Finalmente, importa destacar a forte componente educativa do museu, que oferece programas específicos para escolas, famílias e grupos de turistas. Visitas encenadas, ateliês didáticos e jogos pedagógicos fazem parte da experiência museológica, fomentando o envolvimento ativo com os conteúdos apresentados e promovendo a aprendizagem informal.
O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes é, indiscutivelmente, um espaço de encontro entre o passado e o presente, onde o património é valorizado, a cultura é celebrada e a história é contada com rigor e criatividade.
Em suma, o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes representa um investimento exemplar na cultura e na valorização do património. Através da sua impressionante coleção arqueológica e artística, das suas ofertas educativas e da sua ligação às comunidades científica e local, o MIAA afirma-se como um ponto de referência museológica no panorama português. Ao visitar este museu, o público tem a oportunidade única de fazer uma autêntica viagem no tempo, ao mesmo tempo que compreende melhor a interligação histórica entre os povos da Península Ibérica.
