Localizado no coração de Lisboa, o Museu de História da Cidade é um espaço cultural essencial para quem deseja compreender o passado da capital portuguesa e a sua evolução ao longo dos séculos. Visitá-lo é embarcar numa viagem pelas diversas épocas que moldaram a identidade da cidade, desde o período romano até à contemporaneidade. Este artigo explora a importância do museu, a riqueza do seu acervo e a sua função educativa e social. Ao longo do texto, daremos especial atenção à organização interna do museu, às suas exposições mais emblemáticas e ao impacto que tem na preservação da memória coletiva lisboeta.
A importância do Museu de História da Cidade na valorização do património lisboeta
O Museu de História da Cidade, atualmente integrado no núcleo do Museu de Lisboa, desempenha um papel fulcral na preservação, estudo e divulgação da história da cidade. Instalado originalmente no Palácio da Mitra e posteriormente alargado a outros espaços como o Torreão Poente do Terreiro do Paço, o museu assume-se como guardião da memória patrimonial de Lisboa, oferecendo aos visitantes uma narrativa coesa do seu percurso histórico e cultural.
Ao contrário de outros museus mais temáticos, o Museu de História da Cidade procura oferecer uma visão global e interligada da evolução urbana, política, social e artística da cidade. A sua missão vai além da simples exposição de peças físicas: através de mapas, documentos, obras de arte, maquetes e instalações interativas, o museu convida à reflexão sobre as transformações sofridas por Lisboa ao longo dos séculos. A organização cronológica e temática permite uma leitura acessível e enriquecedora, tanto para estudiosos como para o público geral.
Além disso, o museu promove regularmente exposições temporárias que aprofundam aspetos específicos da história lisboeta, como por exemplo o terramoto de 1755, a expansão marítima portuguesa ou a revolução dos cravos. Estes eventos tornam o museu um espaço dinâmico e sempre pertinente, refletindo os interesses e as inquietações da sociedade atual sobre o seu passado.
O esforço de atualização e dinamismo reflete-se também na vertente educativa do museu, com um vasto programa de visitas guiadas, oficinas pedagógicas e atividades para escolas. Estas iniciativas têm como principal objetivo aproximar os mais jovens da história local e fomentar o sentido de pertença e identidade cultural.
Outro aspeto fundamental é o envolvimento comunitário promovido pelo museu. Nos últimos anos, têm sido organizadas diversas ações em parceria com bairros históricos e associações locais, reforçando o papel social da instituição e estimulando a participação ativa dos cidadãos na preservação do seu património. O museu deixa, assim, de ser apenas um espaço de exposição e passa a ser também um agente cultural ativo na comunidade.
Um acervo diversificado que retrata a alma de Lisboa
O espólio do Museu de História da Cidade é extenso e variado, abrangendo diferentes períodos e tipologias. Entre as peças mais relevantes encontra-se uma impressionante coleção de mapas antigos, que documentam a expansão e as alterações morfológicas de Lisboa desde o século XVI. Estes registos cartográficos permitem perceber como determinados eventos — como o terramoto de 1755 ou o plano de reconstrução pombalino — influenciaram profundamente a configuração da cidade.
Outro destaque do acervo são as maquetes tridimensionais, como a maqueta da Lisboa anterior ao terramoto, produzida no século XX com base em documentos históricos. Esta peça oferece uma perspetiva mágica e cientificamente rigorosa da cidade antes da destruição, sendo uma das preferidas dos visitantes. Imagens da antiga Praça do Comércio, da Sé de Lisboa e das muralhas fernandinas são apresentadas em detalhe, permitindo imaginar o quotidiano de outros tempos.
Na secção dedicada à época romana, encontram-se vestígios arqueológicos como moedas, colunas, mosaicos e utensílios domésticos, testemunhos da presença de Olisipo como cidade integrante do Império Romano. Estes artefactos são fundamentais para compreender as primeiras formas de urbanização da capital e a sua importância estratégica na região atlântica.
Do período medieval há uma vasta gama de azulejaria, elementos arquitetónicos de igrejas e conventos, obras sacras e documentos sobre a organização social e económica da cidade. Todos esses elementos ajudam a construir uma imagem detalhada de como Lisboa evoluiu como centro religioso, comercial e administrativo.
Já a era moderna é representada por objetos ligados às Descobertas, como réplicas de instrumentos náuticos e manuscritos relacionados com as viagens marítimas. Através desses documentos, podemos perceber como a cidade se transformou num grande entreposto comercial e como absorveu influências culturais de África, Ásia e América.
Na contemporaneidade, o museu acolhe também testemunhos da modernização urbana ocorrida no século XIX, com a expansão ferroviária, a iluminação a gás e os primeiros grandes edifícios públicos. Fotografias de época e materiais de arquivo contextualizam o nascimento da Lisboa moderna, enquanto outras secções abordam o impacto de eventos políticos mais recentes, como o Estado Novo e a Revolução dos Cravos.
Além da exposição permanente, cada núcleo museológico do Museu de Lisboa — seja o Teatro Romano, a Casa dos Bicos, o Palácio Pimenta ou o Museu da Marioneta — contribui com uma parte importante da narrativa urbana. O museu torna-se, assim, uma experiência descentralizada, rica e multifacetada, convidando à exploração de múltiplos espaços e histórias dentro da cidade.
Por fim, é importante destacar o compromisso do museu com a acessibilidade e inclusão, oferecendo informações em diversos formatos e disponibilizando recursos para visitantes com mobilidade reduzida ou deficiência visual e auditiva. Este cuidado evidencia a missão do museu em aproximar todos os públicos da história da cidade e garantir que o conhecimento seja partilhado de forma justa e equitativa.
O Museu de História da Cidade é muito mais do que um simples núcleo expositivo: é um espaço vivo, onde a memória, a investigação e a criatividade se cruzam para construir novas formas de entender Lisboa. Com um acervo riquíssimo, uma abordagem educativa inclusiva e um espírito dinâmico, o museu desempenha um papel crucial na preservação e promoção da identidade lisboeta. Quer seja residente, estudante ou turista, visitar este museu é uma oportunidade única para conhecer as raízes de uma das cidades mais antigas da Europa. Numa era em que a memória histórica é mais importante do que nunca, o Museu de História da Cidade assume-se como um farol de conhecimento, cultura e pertença.