O Tesouro-Museu da Sé de Braga é um dos mais importantes espaços museológicos de Portugal, reunindo uma impressionante coleção de arte sacra que atravessa séculos de história. Situado no coração da cidade de Braga, dentro do complexo monumental da Sé – a mais antiga catedral portuguesa –, o museu conserva peças de profundo valor artístico, religioso e histórico. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente o que torna o Tesouro-Museu da Sé de Braga um lugar imperdível tanto para os amantes da arte e da história como para os turistas que visitam o norte de Portugal. Conheceremos o seu acervo, a importância da Sé de Braga para o país e como esta instituição preserva um legado ancestral de fé e cultura.
A Sé de Braga: Centro Espiritual e Histórico
A Sé de Braga é mais do que um simples edifício religioso; é um símbolo da fundação da nacionalidade portuguesa e um dos mais antigos locais de culto cristão na Península Ibérica. A sua construção remonta ao século XI, tendo sido consagrada em 1089, ainda antes da formação de Portugal como reino independente em 1143. A catedral, cuja arquitetura reúne elementos românicos, góticos, manuelinos e barrocos, foi ao longo dos séculos palco de importantes acontecimentos religiosos e políticos.
O seu papel central na história da Igreja Católica em Portugal é inequívoco: Braga foi, durante séculos, a principal sede episcopal da Península, rivalizando com Santiago de Compostela. Ainda hoje, o Arcebispo de Braga ostenta o título honorífico de Primaz das Espanhas. A importância da Sé reflete-se também na riqueza do seu património, cuidadosamente preservado e exposto no Tesouro-Museu, localizado no interior do complexo catedralício.
A própria arquitetura da Sé é uma aula viva de história. A nave românica, o imponente órgão barroco, as capelas laterais ricamente decoradas e o claustro medieval fazem da catedral um espaço de enorme valor cultural. No entanto, é no museu anexo que o visitante tem acesso privilegiado ao coração espiritual e artístico da Sé de Braga.
O Tesouro-Museu: Guardião de Séculos de Arte e Devoção
Inaugurado oficialmente em 1930, o Tesouro-Museu da Sé de Braga reúne objetos litúrgicos, paramentos, esculturas, pinturas, ourivesaria religiosa e outras peças de culto de inestimável valor. As obras são provenientes sobretudo da própria catedral, fruto das doações, encomendas artísticas e da ação de diversos arcebispos ao longo dos séculos.
Entre os principais destaques do museu, merecem especial atenção:
- A Custódia do Arcebispo Diogo de Sousa – Uma peça de ourivesaria em prata dourada, ricamente trabalhada, datada do século XVI. É considerada uma das mais belas da arte sacra portuguesa.
- O Túmulo da Infanta D. Teresa – Mãe de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. A sepultura encontra-se na capela funerária dos fundadores da Sé, e remete-nos para o contexto da fundação do reino.
- Os Relicários – Com peças trabalhadas em prata, ouro e cristal de rocha, o museu possui uma das mais significativas coleções de relicários em Portugal, com relíquias de santos venerados na diocese.
- Paramentos litúrgicos elaborados – Roupas de missa bordadas com fios de ouro e seda, algumas encomendadas em oficinas de luxo em Itália e Espanha, entre os séculos XV e XVIII.
- Manuscritos e Livros Litúrgicos – Com iluminuras e encadernações artísticas, que testemunham a importância da música e da liturgia no quotidiano religioso da Sé.
O percurso museológico está organizado de forma cronológica e temática, permitindo ao visitante compreender a evolução artística e espiritual do culto cristão em Braga. Em cada sala, a contextualização das peças é acompanhada por painéis informativos em várias línguas, o que amplia a acessibilidade e o entendimento para todos os públicos.
Além da sua função expositiva, o Tesouro-Museu da Sé de Braga tem também uma importante missão educativa. Aqui realizam-se visitas guiadas, oficinas para escolas e colóquios sobre património religioso. O museu colabora ainda com universidades e centros de estudos para a investigação e conservação do seu espólio.
Outro aspeto de destaque é a integração do museu no próprio espaço da Sé. O acesso às salas do museu faz-se através do claustro gótico, numa simbiose perfeita entre arquitetura e museologia. Esta articulação permite ao visitante viver uma experiência única, onde o passado histórico e o presente devocional se fundem num mesmo percurso.
Em termos turísticos, o Tesouro-Museu da Sé de Braga é uma paragem obrigatória. Todos os anos, milhares de visitantes nacionais e estrangeiros procuram este espaço pela sua autenticidade e riqueza, contribuindo para a valorização e conservação do património religioso português.
É importante também referir o envolvimento da comunidade local na vida do museu. A população de Braga mantém um vínculo afetivo com a Sé e com o seu tesouro, vendo-o como parte integrante da sua identidade. Isto reflete-se em festividades religiosas, como a Semana Santa bracarense, onde muitos dos objetos do museu ganham vida nas procissões e cerimónias.
Por fim, o Tesouro-Museu é um exemplo notável de como um espaço religioso pode ser também um centro de cultura, memória e diálogo intergeracional e intercultural.
Concluindo, o Tesouro-Museu da Sé de Braga não é apenas um repositório de objetos antigos: é um espaço vivo onde a fé, a arte e a história se encontram. Através de um acervo riquíssimo, ligado intimamente à trajetória da cidade de Braga e à história de Portugal, este museu oferece uma experiência profunda de contemplação e aprendizagem. Visitar a Sé e o seu tesouro é mergulhar num universo simbólico que atravessa milénios, reforçando a importância do património religioso como elemento-chave da identidade cultural portuguesa.