Setembro 16, 2025

Visite o Museu da Cultura Castreja em Braga Portugal

O Museu da Cultura Castreja, localizado em Portugal, é um espaço único que oferece uma viagem fascinante ao interior de uma das mais enigmáticas civilizações pré-romanas da Península Ibérica: os povos castrejos. Este museu, situado em Braga, nasce da necessidade de preservar, estudar e divulgar os vestígios arqueológicos associados à cultura castreja do Noroeste Peninsular. Neste artigo, iremos explorar em profundidade a importância histórica e cultural deste museu, bem como analisar o modo como ele contribui para o conhecimento da identidade e do passado deste povo misterioso que habitou os castros — antigos povoados fortificados — entre os séculos IX a.C. e I d.C.

A Cultura Castreja e a Sua Importância na História de Portugal

A cultura castreja é uma das mais representativas do período pré-romano em Portugal, particularmente nas regiões do Minho, Trás-os-Montes e parte da Galiza. Desenvolveu-se a partir da Idade do Ferro e manteve-se até à progressiva romanização do território. Trata-se de uma cultura autónoma, com características marcadamente próprias, que se caracteriza pela sua organização em pequenos povoados fortificados — os castros — geralmente localizados em zonas elevadas como colinas e montes, para uma defesa natural mais eficaz.

Os castros revelavam uma notável capacidade de planeamento e adaptação ao ambiente. As casas circulares feitas em pedra, os sistemas defensivos com muralhas e fossos, e as estruturas comunitárias indicam uma sociedade complexa e bem estruturada. Além disso, a metalurgia, especialmente do ferro, e a cerâmica ornamentada evidenciam um grau elevado de sofisticação cultural e tecnológica.

O interesse arqueológico pela cultura castreja começou a intensificar-se no século XIX, mas só no século XX se consolidaram estudos sistemáticos. A necessidade de centralizar, conservar e expor estes achados levou à criação do Museu da Cultura Castreja, que desempenha um papel fundamental na preservação desta herança.

Este museu encontra-se instalado no Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, uma localização que por si só já apresenta um valor histórico e arquitetónico intrínseco. O edifício foi cuidadosamente adaptado para receber um acervo constituído por objetos arqueológicos provenientes de vários castros da região. O museu serve, assim, como um espaço de estudo, difusão e valorização da cultura castreja, promovendo a ligação entre o passado e o presente.

Entre as peças mais emblemáticas expostas no museu encontram-se estatuetas, objetos de uso doméstico, armas, ferramentas agrícolas, recipientes cerâmicos, adornos pessoais e elementos arquitetónicos. Estes artefactos são fundamentais para compreender o quotidiano, as práticas religiosas, os costumes sociais e a organização política destas comunidades.

Além da exposição permanente, o museu desenvolve ainda uma intensa atividade educativa e científica. A realização de oficinas pedagógicas, visitas guiadas temáticas, colóquios e publicações especializadas são apenas algumas das iniciativas que procuraram ampliar o conhecimento sobre a cultura castreja junto de diferentes públicos. O objetivo principal é democratizar o acesso ao saber e estimular o interesse pela arqueologia e pela história.

De destacar também a forma como o museu articula com centros de investigação e universidades portuguesas e internacionais, funcionando como um verdadeiro polo de estudo arqueológico e etnográfico. Graças a essa colaboração, têm sido realizadas escavações e investigações de grande importância, que continuam a alimentar e a enriquecer o acervo museológico e o conhecimento disponível.

O Museu como Guardião da Identidade Histórica do Noroeste Peninsular

O Museu da Cultura Castreja funciona como uma peça chave para compreender a identidade e a evolução histórica do Noroeste Peninsular. Portugal, enquanto país com uma vasta e complexa herança cultural, encontra neste museu um dos vértices fundamentais para preservar a memória coletiva de um dos seus núcleos civilizacionais mais antigos. Através da sua abordagem multidisciplinar, o museu oferece aos visitantes não apenas uma visão arqueológica, mas também antropológica e sociológica dos povos castrejos.

O contexto geográfico dos castros — como o de Briteiros, Citânia de Sanfins, Castro de Sabroso, entre outros — ajuda a demonstrar como estas comunidades tiravam partido do relevo natural para a sua segurança e sobrevivência. Estes núcleos populacionais constituíam-se em torno de líderes locais e, embora não existam provas definitivas de uma estrutura política unificada, há evidências de contactos e trocas comerciais entre diferentes castros, o que aponta para relações sociais e económicas avançadas.

Uma das maiores contribuições do Museu da Cultura Castreja é permitir ao público refletir sobre como estas comunidades influenciaram a paisagem cultural atual. Muitos topónimos, festividades e até elementos da construção rural moderna ainda guardam semelhanças com práticas castrejas. O museu ajuda a identificar essa herança invisível mas presente, destacando a continuidade cultural entre passado e presente.

Com esta missão, o museu reforça ainda a valorização do património como elemento essencial do desenvolvimento local. Através da dinamização do turismo cultural e da envolvência das comunidades na proteção dos seus sítios arqueológicos, o museu torna-se também um motor de cidadania ativa e valorização do território.

A componente interativa do museu é outro elemento que merece destaque. As novas tecnologias têm sido progressivamente introduzidas no espaço expositivo, permitindo experiências imersivas através de realidade aumentada, projeções e visitas virtuais. Isso torna a visita apelativa a diversos públicos, incluindo crianças, estudantes e investigadores.

Por fim, importa salientar que o museu não se limita ao seu espaço físico. Através de programas de itinerância, colaborações com outros museus e plataformas digitais, o acervo e o conhecimento gerado alcançam novos públicos e contextos. Esta estratégia de disseminação do saber demonstra uma clara aposta na democratização do património e na sua inserção na contemporaneidade.

Em suma, o Museu da Cultura Castreja é muito mais do que um simples espaço de exposição. É um verdadeiro centro de conhecimento, valorização e promoção de uma das mais fascinantes culturas do período pré-romano em Portugal. Ao preservar e estudar os vestígios da cultura castreja, o museu contribui de forma decisiva para o entendimento das raízes históricas do Noroeste Peninsular. Visitar este museu é um convite a uma viagem ao passado, mas também um apelo à valorização do património cultural como parte integrante da identidade coletiva dos portugueses.

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